APOIO/PATROCÍNIOS

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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

EMBRUNMAN 2011

RESULTADOS CHUVA VASCO
Tempo final: 13:05:35 horas
Classificação geral: 177º
Classificação no escalão (V1): 67º
Natação: 1:09:33 horas (521º lugar)
Ciclismo: 7:49:37 horas (377º lugar)
Corrida: 3:56:04 horas (73º lugar)


RESULTADOS PAULO SEQUEIRA
Tempo final: 13:45:44 horas
Classificação Geral: 310º
Classificação no escalão (S4): 157º
Natação: 1:01:25 horas (200º lugar)
Ciclismo: 8:07:14 horas (501º lugar)
Corrida: 4:33:04 horas (275º lugar)


RESULTADOS JORDÃO ALVES
Tempo final: 15:08:56 horas
Classificação geral: 541º
Classificação no escalão (S3): 243º
Natação: 0:59:08 horas (127º lugar)
Ciclismo: 8:39:23 horas (691º lugar)
Corrida: 5:24:37 horas (570º lugar)


IMAGENS DA PROVA
Embrunman 2011


VÍDEO DA PROVA


RELATO EMBRUNMAN 2011
«(…) gostaria muito de repetir o Embrunman, pois muito ficou por fazer e dizer, desta vez seria interessante ir acompanhado de mais portugueses para animar a terra de gauleses e quem sabe fazer-lhes cair o céu na cabeça (risos)». Foi desta forma que conclui o relato do ano passado relativamente ao Embrunman e em tudo se concretizaram estes meus desejos, repeti a prova, estiveram presentes mais dois portugueses e quem sabe se não fizemos cair o céu na cabeça de alguns franceses.

Ao invés do que é frequente acontecer com os meus extensos relatos, proponho-vos desta vez uma síntese do que aconteceu nesta 28ª edição do Embrunman. Realçarei pois apenas os aspectos de maior relevância.

No dia em que cheguei a Embrun – 12 de Agosto, voltei a maravilhar-me com a surpreendente paisagem que rodeia aquela pequena cidade. Este ano ocupei o mesmo alojamento que o Jordão Alves, que estava ali para realizar o seu primeiro Ironman, mas que Ironman! Ficamos alojados na localidade de Les Orres a cerca de 12 kms de Embrun. Uma localidade belíssima com uma vista surpreendente para o sopé das montanhas. Curiosamente o outro português inscrito, Paulo Sequeira, mais vulgarmente conhecido por Sica, também estava alojado em Les Orres.
Na véspera da prova, fomos depositar as bicicletas no parque de transição e rumamos a casa para os últimos preparativos do grande dia. Neste momento o Jordão estava stressado com o tempo, queria deitar cedo, mas uma ida ao Col d’Izoard e uma procura de pão à última da hora atrasou-nos, o que nos obrigou a jantar mais tarde.
Cerca das 21:30 horas caiu uma chuvada que em certa medida assustou, mormente a mim que por causa dela acabei por escorregar num degrau de madeira que estava molhado, tendo caído sobre o meu braço esquerdo e magoado o meu ombro.
Cerca das 22 horas o Jordão já estava a descansar, eu, porém, ainda me mantinha em pé a verificar todo o material que teria de levar no dia seguinte. Às 23 horas fiz um pouco de gelo no ombro, e pouco tempo depois também já estava deitado.
Às 03:30 horas levantei-me, tomámos o pequeno-almoço e abalamos até ao plano de água. Aqui encontrámos o Sica, conversamos um pouco, depositamos as coisas que iríamos necessitar na prova, deram-se as últimas despedidas à família e logo seguimos para a linha de partida.
Estava uma brilhante lua cheia que iluminava bem o espaço, suponho que isso deve ter cortado um pouco a ideia do breu da noite que tanto amedronta algumas pessoas. Os flashes eram sucessivos e aleatórios, o speaker da prova entusiasmava o público e logo partimos. O Jordão e o Sica colocaram-se numa posição dianteira, enquanto que eu, como sempre, prefiro a retaguarda (desse modo vejo toda a tropa, lol).
Comecei a nadar, e logo no início, levei uma cotevelada na cara que me fez sair os óculos da cara. Paragem para recompor, e novamente a nadar. Entretanto, tive de parar mais 3 vezes para tirar a água dos óculos que teimava em chatear-me. Só da última vez percebi, que, afinal o problema era da borracha que estava pouco esticada (como foi ela encolher?).
Saí da água, olhei para o relógio e não queria acreditar, 1:09:33. Com tanta paragem, menos de 20 treinos de natação e faço menos 1 minuto do que o ano passado? Fiquei animado com o resultado. Cheguei ao parque, e como previsto, o Jordão e o Sica já tinham saído. Saio do parque e começo a secar a roupa na primeira subida de 8 kms, estava a trepar com pouca energia, e a dada altura questiono-me: “mas que estou eu aqui novamente a fazer?”. Começo a descer, desfruto um pouco dos verdadeiros postais que tinha à frente, e embalo. A dada a altura, surge um cotovelo apertadíssimo que quase não consigo fazer. Travo demasiado com o travão de trás a roda traseira levanta, alivio o travão, a roda volta a pousar o chão, insisto no travão da frente , inclino-me ligeiramente e por instantes pensei que era o fim da minha prova, Ainda hoje não sei como consegui dominar a bicicleta naquelas condições. Por muito pouco que não me estatelava no chão. Seria trágico se isso acontecesse, pois a última vez que tinha olhado para a velocidade, circulava a 71 kms/h. Nasci de novo.
Ao km 72 encontro o Jordão, sigo um pouco com ele, convido-o para me acompanhar, mas este, com receio da sua lesão no joelho, manda-me seguir. Posteriormente, ao passar na vila de Arvieux, começo a sentir alguma dificuldade, não entendendo muito bem porquê, dado que a subida era bem ligeira, na ordem dos 2 a 5%. Mais à frente começam a surgir as maiores pendentes para os 2400 metros do Col d’Izoard. Aí, apesar de mais inclinadas e de me mover lentamente, senti-me um pouco melhor. O público, que era constante na subida, apoiava-nos naquele esforço e também eles faziam parte da prova e gozavam com a nossa presença.
Chegado ao cume, tempo para trocar de bidon, comer umas coisas na banca dos “comes e bebes”, e descer em direcção a Briançon. Mais ao menos ao km 120 encontro o Sica que descia cautelosamente. Seguimos juntos, conversamos um pouco e a dada altura surge a encosta de Pallon, uma pendente de cerca de 2 kms, com uma percentagem bem perto dos 14%, por esta altura a minha síndrome da banda iliotibial já me estava a incomodar, havia pois de aguentar os restantes quilómetros sem exercer muita pressão no pedal esquerdo. Continuamos, e entre subidas e descidas começamos a fazer a aproximação à cidade de Embrun, mas sem antes nos deliciarmos com a cereja no topo do bolo, a encosta de Chalvet, com cerca de 4 ou 5 kms e uma média duns 8%. Quando começo a subir verifico que o Sica não me seguia, logo pensei que se tinha cortado nas descidas que antecederam a supradita subida. Chegado lá acima, parei para beber Coca-Cola, porque os meus bidons estavam totalmente vazios. Subo na burra, e um miúdo empurra-me uns metros até encaixar os pedais, por momentos senti-me um verdadeiro corredor da volta.
Começo a descer, entro no parque de transição, aprovisiono-me com o essencial e começo a correr. Este ano, mal comecei a correr não foi o vencedor que estava a chegar à meta como no ano passado, mas sim, a primeira mulher que estava a entrar na segunda parte da corrida (estou a fazer progressos, pensei eu, lol). Mal começo a correr, cruzo-me com o Hervé Faure, vencedor da prova. Nunca tal me tinha acontecido.
A dada altura sinto uma picadela na planta do meu pé direito, tentava aliviar a picada, mas esta teimava em não querer desaparecer, até que fui obrigado a parar, descalçar-me e verificar que afinal tinha um vidrinho espetado. O mesmo já se tinha enterrado bastante e após algum esforço lá consegui extraí-lo.
Entretanto, estava a manter um bom ritmo, sempre abaixo dos 5min/km, e estava mesmo esperançoso que conseguiria manter aquele ritmo até ao fim, todavia, a partir do km 21 comecei a acusar algum cansaço e quebrei bastante. Mantive sempre em cabeça, como de resto sempre acontece, que não podia parar, para além dos abastecimentos e foi o que aconteceu.
Pouco tempo depois, surge um ardor no meu calcanhar esquerdo, olho para o pé e verifico que a meia tinha descaído, estando a pele a roçar com a sapatilha. Voltei a parar, e recompus a meia. Uns kms mais adiante, novamente o mesmo problema, nova paragem, e aí verifico que já tinha uma enorme bolha. Puxei novamente a meia e continuei ignorando o fole que ali tinha despontado. Entretanto agarrava esponjas de água e espremia-as na cabeça, escorrendo a água em todo o corpo, mas também para o calcanhar que estava dorido. Isso aumentou a fricção, levando a irritar ainda mais a bolha.
Faltavam 4 kms e colei-me a um francês que segui a bom ritmo. Conversamos um pouco e lá seguimos até à recta da meta, onde o público fervia com a prova.
Transpus a linha que todos almejam pela segunda vez, com 13:05 horas, numa prova simplesmente sublime, onde a vontade de voltar está presente.
Sucedeu-se o Sica a cortar a meta, seguindo-se o Jordão Alves. Em ambos via-se a satisfação de terem concluído a prova.

Conclusões
A experiência de fazer o Embrunman é única. Quando estive presente na edição do ano passado não me tinha apercebido da grandeza da prova. Em 2010 a prova perdeu algum brilho, porque o tempo não estava bom: o frio, a chuva e o vento eram uma constante e assustaram muita gente que fruía o espectáculo. Este ano foi diferente, a temperatura estava agradável, rondando os 28ºC, o que permitiu elevar a prova ao seu mais alto nível.
Participar numa prova onde o esplendor da paisagem reina, faz-nos esquecer qualquer sofrimento que nos possa assolar. Embrun é uma pequena cidade no seio dos Alpes Franceses, onde toda a gente se conhece, é portanto fácil perceber que o dia 15 de Agosto é um grande dia para aquela localidade. É muito frequente ver nos estabelecimentos, cartazes dizendo: «este estabelecimento apoia o Embrunman», já para não falar da publicidade espalhada, e de alguns restaurantes abrirem de madrugada para servir massa aos atletas.
Consegui subtrair 25 minutos ao tempo do ano passado, o que é muito bom, dadas as circunstâncias de ter menos de 3 meses de treino e alguns percalços físicos na preparação. O último segmento era aquele em que estava mais à vontade, mas o facto de ter tido poucos treinos de bicicleta obrigaram-me a não conseguir tirar o melhor partido da corrida.

Felicitações
Congratulo-me com a participação de mais dois portugueses nesta prova, porém o meu regozijo vai para o Jordão Alves, que na sua primeira incursão pelo mundo dos Ironmans escolhe precisamente o mais difícil. Acresce ainda, que teve uma malograda preparação, com sucessivas ameaças a comprometerem a sua participação. Com energia, persistência, força de vontade e espírito de vencer, conseguiu chegar lá e cortar a meta. Com todas as dificuldades que o acompanharam, podemos dizer, que é um verdadeiro atleta, onde o espírito para se ter tornado Ironman esteve sempre presente.

Recomendação
Esta prova é altamente recomendável. Vão a Embrun e tenham o prazer de desfrutar de uma das mais belas provas do calendário mundial de Ironmans.
Embrunman é bom por todas as razões, entre outros predicados, destaco as soberbas paisagens, o acolhimento dos residentes, o entusiástico público sempre a dar ânimo e conforto, e um belíssimo local de turismo onde se tem à disposição várias actividades, sejam elas em terra, na água ou no ar. Não se assustem com a dificuldade da prova, pois tudo é exequível desde que haja uma franca vontade em vencer.
Sendo um desconhecedor do mundo dos Ironmans, atrevo-me a dizer que Embrunman é possivelmente, em todos os contextos, o superlativo dos Ironmans.

Agradecimentos
Como é habitual os meus agradecimentos recaem sobre todos aqueles que tiveram a paciência de aguentar as minhas ausências, sejam eles, pais, ou amigos.
Um especial obrigado ao Jordão Alves que muito insistiu para que estivesse presente nesta edição, e pela partilha de alguns treinos. Sem ele seguramente não teria estado presente.
Também um merecido agradecimento às ironwomens presentes (Helena Barbosa, Dulce e Martina), quer pelo apoio como pela reportagem da prova.

Projecção futura
Termino como comecei, completando: gostaria muito de repetir o Embrunman no aniversário da sua 30ª edição que se realiza em 2013. Muito ficou por fazer e dizer, desta vez seria interessante ir acompanhado de muitos mais portugueses, já se fala em charters, gostaria muito de marcar lugar nesse voo. Que as coisas se encadeiem desse modo e é sinal de vida. Até lá, bons treinos.

6 comentários:

sica disse...

Valeu a pena esperar pelo relato, está excelente assim como o filme. Estou certo que ao vê-lo muitos irão sentir vontade de também participar na festa que é o EMBRUNMAN.

IronMena disse...

Como sempre os teus relatos (longos ou resumidos) transportam-nos ao local da prova e fazem-nos viver cada instante como se estivessemos "nos teus pés" (quase senti a dor provocada pela bolha)!!!

Ando a fazer "curriculo" e quem sabe 1 dia poderei marcar presença no Embrunman! Mas o q há aqui a realçar é a tua marca, a tua persistência e o teu deslumbramento perante aquele beno cenário! O espírito de sacrifício acompanha-te, e faz-te realizar o irrealizável! :-)

PARABÉNS!

ironbélico disse...

bem nem sei onde me vou meter mas como me conheces se disse que vou vou.
2013 tamos la de ferias e fazer o embrunman lol

grande abraço ate logo

abel condesso

Triatleta disse...

Um relato à dimensão da prova!

Desperta-me o interesse de participar, mas não basta a vontade.

Estás tu de parabéns pela 2ª vez consecutiva.

Jordão Alves disse...

A minha opinião mantem-se es um verdadeiro IM .
Com 3 meses de treino que acompanhei bem de perto, ainda tiras quase 25 minutos a 2010!!!
Parabéns mais uma vez. Como tinhas dito que iria la voltar e duvidei agora acredito que tinas razão. E vais comigo de novo.
Um bem haja pela excelente companhia nesta minha primeira aventura "sonho".
Abraço.

david caldeirao disse...

Parabens!!!
repetir o mitico EmbrunMan..., só está ao alcance de alguem com muita vontade de se superar!!!
forte abraço,
2013??? bem o "namoro" já começou :-)