APOIO/PATROCÍNIOS

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domingo, 11 de novembro de 2007

LESÃO IMPEDE-ME DE TREINAR

O desporto é bom ou mau?

O problema só se coloca se o pensarmos em termos de competição, de facto, todo o desporto que pretende melhorias de objectivos de tempo é prejudicial à saúde (exclui-se o xadrez?), esta é pelo menos a minha opinião.

Desde o início da preparação para o meu primeiro Ironman em janeiro, que tenho vindo a tropeçar em problemas fisícos. Todos sabem, que a preparação para um Ironman requer um esforço acrescido em termos de volume de treino e isso pode se rprejudicial, se não se tiver uma preparação anterior adequada. Suponho que seja esse o meu caso. O objectivo era fazer um Ironman em 2007 e para cumprir tal tarefa, seria necesário a observância de determinados factores, onde entre eles, encontramos a adaptação física anterior, para grandes volumes de treino. Até ao inico da preparação para o Ironman, apenas tinha feito 1 meio Ironman em 2005 (II triatlo longo do Zêzere), outro em 2006 (Idanha) e 2 maratonas de Lisboa em 2004 e 2006, para além das diversas meias maratonas e provas curtas de triatlo.
Se é verdade, que é substancialmente pouco para quem almeja realizar a tarefa de concluir um Ironman, ficam a comprová-lo as enormes dificuldades físicas e consequentemente psicológicas que daí advieram.

Durante toda a preparação tive problemas fisícos, fossem eles de ordem miológica ou ligamentar. Problemas esses, que acarretavam quebras nos treinos e me obrigavam a ausentar-me por períodos de tempo, que por vezes, embora curtos eram fundamentais na prossecução dos treinos e na melhoria dos resultados fisiológicos. No sentido de evitar hiatos no calendário de treino, incorre-se por vezes num erro, mas que em algumas circunstâncias é inevitável, ou seja obrigar o corpo, ainda que lesionado, a trabalhar. Tal situação, se por um lado afasta o corpo do ócio desportivo, por outro pode piorar a situação ou mesmo inviabilizar as pretensões desejadas.
Apesar das sucessivas lesões consegui realizar a prova, mas não poderei deixar de frisar, que não foi livre de problemas fisícos, visto que a corrida foi feita sobre um problema no pé que se vinha arrastando há uns meses (e que a esta data ainda não está completamente resolvido).
Finda a prova e duas semanas depois de um bom repouso, havia que voltar "à carga", para começar a preparar as provas nacionais. A prova seguinte seria pois o "sprint" da Raiva. É uma prova que se revela por alguma exigência na bicicleta, visto que no seu percurso apresenta-se um traçado com acentuado desnível. A sua preparação deveria ser pois, o mais aproximado à prova, pelo que insisti nos treinos com subidas à Serra da Boa Viagem (Figueira da Foz).
Tenho por hábito fazer sempre sessão de estiramento antes e depois de cada treino. E em determinado dia, ao realizar estiramento (pós treino) do quadricípite (grande músculo exterior da perna), surgiu-me ao nível do joelho esquerdo uma lesão, tipo bloqueio, que me impediu imediatamente de o concluir. Após esse dia, não voltei a praticar a modalidade, porque a lesão é limitativa. Vários exames de diagnóstico foram feitos, sem no entanto serem minimamente conclusivos. tanto RX como ecografia, não detectam nada, pelo que neste momento aguardo que o nosso fantástico Serviço Nacional de Saúde, me marque uma consulta de ortopedia, para poder averiguar ao certo que tipo de lesão se trata. Até lá, "descansa corpinho". Ao ritmo que correm as coisas, parece que será para durar.

No meio de tudo isto surge uma dúvida: será o estiramento prejudicial, no contexto da preparação desportiva? Algumas opiniões minoritárias indicam que sim. Afinal, estamos a estirar algo que acabou se ser submetido a esforço e está cansado, enfraquecido portanto.
Uma coisa é certa, da minha parte terei de repensar o modo de preparação física, se pretender fazer triatlo com prazer.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Sissi no IM de Inglaterra

Desta vez, a participação portuguesa num Ironman cabe a uma jovem atleta, de seu nome Cecília Franco, para os amigos Sissi. Esta participação, de facto é coisa muito rara em terras lusas. A jovem nutricionista em formação, atleta do "Triatlo de Oeiras Sport Clube" esteve em Sherbourne (Inglaterra), para realizar o seu 3º Ironman, tendo conseguido um excelente tempo de 12 horas e 33 minutos. As dificuldades da provas estão bem presentes no seu relato.
Aproveito para reiterar felicitações por mais uma participação.

Relato

«De regresso a Portugal... aqui vão as notícias pelas quais tanto aguardavam...

My God, a prova doeu-me desde o primeiro ao último minuto de corrida... Ok, pronto, estou a exagerar... a corrida não doeu nada!
No dia antes da prova choveu imenso, e estava muito frio, muita lama, muito desanimador. No briefing da prova falaram-nos do perigo de hipotermia... acontece que eu não tinha levado as minhas roupas de Inverno para pedalar, nem correr. Estava desprevenida.
No dia da prova acordei às 3h45, fiz a minha rotinha pré-competição: pequeno-almoço sem fibras nenhumas (pão branco, café com doce), depois um momento de descontracção na casa de banho (fundamental para uma prova destas, ir levezinha). Às 4h30 saí de casa a caminho do lugar da prova. Fui a pé com um amigo meu que também fez a prova, e fazia frio, nuvens no céu. Adivinhava-se um dia invernoso. As nuvens ameaçavam chover a qualquer momento. O vento já se fazia sentir com alguma intensidade.


Uma última vistoria na bicicleta, encher os pneus, limpar da chuva que caiu durante a noite. Uma última visita à casa de banho (imprescindível, afinal de contas são muitas horas em prova). É tempo de vestir o fato isotérmico, e deixar o conforto dos sapatos e das meias quentinhas, e enfrentar a relva molhada e enlameada do recinto da prova.
São 5h45. Sigo para o lago. Eu e os 1500 atletas entrámos dentro da água gelada do lago de Sherbourne. Às 6h15 é dado o tiro de partida. Depois de uns quantos metros a levar porrada de outros atletas (o lago é estreito para tanto atleta) lá consegui encontrar um lugar para mim. Eu estava era gelada. A água estava a 11ºC, e mesmo com fato isotérmico nunca durante os 3,8km consegui aquecer. Só desejava sair de dentro da água gelada. Fiz a natação em 1h08min. Saí da água e o público incentivou-me com aplausos e palavras de força!
No primeiro parque de transição vesti roupas secas para o ciclismo. Peguei na bicicleta e assim que começo a pedalar vejo que tenho um longo e penoso percurso pela frente. Muito vento e frio e alguma chuva, um temporal. Nunca me consegui aquecer durante os 180km de ciclismo. Todo o tempo com a cabeça e os pés gelados. Para não arrefecer mais ia sempre a puxar, sempre a insistir mais. Em muitos momentos pensei em desistir. Queria estar em casa, na caminha quente. Não me estava a divertir nada. O percurso era 3 voltas de 60km, por uma estrada com pavimento irregular, com subidas e descidas complicadas (é um dos percursos de ciclismo mais difíceis nas provas de Ironman). No início de cada volta passava perto de Sherbourne, e tinha vontade de ficar ali e encostar a bicicleta. Mas com o incentivo do público lá me recompunha e continuava. No final de tanto penar, acabei por fazer 6h56, melhorando o tempo do meu último Ironman na Alemanha, no ano passado!
Feliz pelos tempos que estava a fazer, motivei-me para continuar a prova! Novamente no parque de transição, troquei as roupas de ciclismo para as da corrida.
Uns suaves raios de sol espreitaram por entre as densas nuvens, inspirando-me para os 42,2km de corrida que se seguiam. Mais uma vez, o público, incansável, motiva os atletas com palavras de apoio. As minhas pernas estavam surpreendentemente soltas para correr! Nunca pensei! O percurso era composto por duas voltas de 4milhas cada, por trilhos enlameados, e outras duas voltas mais compridas, atravessando a vila de Sherbourne. Corri seguido até às 3h30, cerca de 37km. Depois caminhei no máximo 1km. Voltei a correr seguido até à meta. Apesar da dificuldade do percurso, eu estava a voar! Nunca corri assim! Mesmo com vento e frio, acabei a maratona em 4h12min!

No final, estava a chegar à meta com 12h33min de prova!
Depois da meta, podia ter ido para a massagem, ou comer qualquer coisa, uma bebida quente, mas algo me disse que precisava de me deitar. O meu corpo enviou-me uma mensagem clara de que algo não estava bem, e que antes de me alimentar, precisava de curar a hipotermia. Uma passagem pela tenda da assistência médica, para me deitar e aquecer debaixo de montes mantas, pois estava com 35º.... Acho que se corri tão depressa foi porque queria chegar mais rapidamente à caminha quentinha!!! Rodeada de atenção por parte dos assistentes, e coberta de mantas, senti-me protegida e feliz, pois no fim de contas, TODOS os meus objectivos iniciais foram alcançados, mesmo que eu nunca tivesse acreditado que iria conseguir:

Nadar em menos de 1h10, pedalar em menos de 7h, correr até às 3h da maratona, e chegar em 12h30 de prova (ou pelo menos baixar das 13h), em suma, melhorar os tempos da prova do ano passado que fiz em Roth (Alemanha), e que foram Natação 1h10, Ciclismo 7h00, Corrida 4h50, Total 13h11min.

Natação 1h08.47 (3,8km)
Ciclismo 6h56.16 (180km)
Corrida 4h12.00 (42km)
TOTAL 12h33.00 (226km)»


segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Happyman e Bip Bip no Osteeman

Os atletas Alexandre Feliz (Happyman) e Délio Ferreira (Bip Bip) estiveram presente no passado dia 5 de Agosto em Glücksburg (Alemanha), para mais uma edição da prova ironman - o Osteeman.
O Alexandre deixa-nos o seu relato da prova. Veja ainda as fotos e o video deste a cortar a meta.
Parabéns aos dois.


Video








Relato
«O grande dia.

Não consegui dormir muito, mas o pouco que dormi foi o suficiente para me sentir bem disposto...também não é difícil.

Acordei nervoso como tudo. Nem conseguia ter as mãos bem quietas quando estava a tomar o pequeno-almoço. Mas pelos vistos ninguém se apercebe disso. O Bip Bip é que está uma pilha de nervos. Mas não tem razões para isso, vai ter maiores facilidades que eu. Mas o objectivo dele é fazer uma boa prova enquanto que o meu é pura e simplesmente acabar.

Chegando ao local por volta das 5h20 e sem qualquer tipo de problemas aumenta a confiança. Ao fazer o check in verifico tudo uma data de vezes. Saco da bicicleta com dorsal, camisa e manguitos para o caso de estar frio quando sair da água, 2 barritas e 2 gels... e a arma secreta, a utilizar apenas em caso de desespero. Saco da corrida com meias, ténis, boné e mais uma barrita e gel. Os sapatos da bicicleta e o capacete estão na bicicleta. Tudo confere e o facto de tudo correr às mil maravilhas aumenta a confiança ainda mais. O Bip Bip pede para confirmar tudo outra vez "foge, a minha Paulita".

Foge, a minha barriga digo eu...aparentemente estou com diarreia, o que nunca é bom sinal...malditos nervos.
Um abraço a todos os que se encontravam perto de mim e ao ouvir as palavras "vai correr tudo bem", convenço-me a mim mesmo finalmente "não interessa o tempo, apenas a meta...não te armes em parvo"...obrigado mais uma vez por essas pequenas palavras.

Vamos para a água aquecer um bocado...o objectivo até é tentar relaxar um bocado e não tanto aquecer...vou ter muito tempo para aquecer durante a prova. Finalmente apercebo-me também que nunca nadei com tanta gente.

À hora designada...PARTIDA. Mentalmente tento acalmar-me enquanto dou as primeiras braçadas. Ao fim de 300-400 metros vejo o Bip Bip ao meu lado. Estou eu lento ou ele rápido? Não interessa...não vale a pena cansar na água, quando vou sofrer como tudo no resto do dia. Calma. Ao fim de cerca de 700 metros lembro-me de pensar "isto está demasiado lento" pois vou nos pés de alguém e tenho que deixar de dar braçadas para não lhe tocar. Decido aumentar ligeiramente e começo a saltar de pés em pés a passar gente. No fim da primeira volta, início da segunda, depois de ter passado demasiada gente, vejo que há uma abertura entre o meu grupo e o grupo da frente – cerca de 50-60 metros. Porra, porque não comecei eu mais rápido? Vamos lá então...passo o 1º do me grupo e falo uma seriezita de 200-300 metros...chego aos pés do outro grupo...calma agora. Aproveita para descansar. Assim o faço. Aos 2500-2600 metros começo outra vez a passar gente. Na última bóia decido que não vale a pena continuar e começo a acalmar para o ciclismo.

Transição feita como esperado...com muita calma. Não há pressa nenhuma.

Começo o ciclismo a tentar acalmar-me e a pensar que isto não é uma prova normal. Deixo uma série de ciclistas passarem por mim, nem respondo. Deixa. Ao fim de 10 Kms, passa por mim o Bip Bip e penso "Grande prova" – "Força aí campeão" – Give them hell. Decido também que tenho que arranjar uma referência. Quando passa por mim um outro ciclista ligeiramente mais rápido que eu, deixo-o atingir uma distância que me parece regulamentar e começo a orientar-me por ele. Assim me fico durante 2 voltas e meia. Na quanta volta ele parece começar a baixar e decido ajudá-lo um bocado. Ele mete conversa comigo em Alemão...quêêêêê..que estás para aí a dizer? Lá nos conseguimos perceber em Inglês. Olá Roman, tudo bom? Um rookie também. Boa sorte para ti. No final da 4ª volta ele passa-me outra vez e falamos mais um bocado. Passamos pela Inês e digo a ela para tirar foto.

No fim tenho que me lembrar de agradecer ao Roman.

Nessa 4ª volta começo a entrar em sofrimento. Não consigo comer nada, as pernas começam a sentir cansadas (porque será? só tinha feito 130 km...bah), mas o pior é que começo a sentir-me mal disposto. Not a good sign.

Lá faço a 5ª e a 6ª volta bem mais devagar que as primeiras 4. De 35 Kms/h passa para 32,5 Kms/h...não interessa penso, estou bem abaixo do que pensaria. Tudo bem. Chego a pensar "nunca mais começo a correr", como se fosse bom correr depois de 18 Kms de bina...dahhhh.
Mas uma coisa é certa, estava sempre ansioso por passar pelo sítio onde estava o pessoal com quem estava cá. Por aí e pela subida espectáculo. Obrigado povo alemão da zona de Glücksburg e principalmente obrigado pessoal pela força contínua. Como é bom ver as vossas caras.
Início da corrida. Não me sinto melhor, antes pelo contrário, a corrida não está mal de todo, mas estou mal disposto para caraças...dói-me a barriga e não consigo desenvolver bem a corrida. Após 2 km de corrida sinto vontade de ir à casa de banho...ups. Mal vejo uma entro. Diarreia. Isto não vai dar bom resultado não. Vou a levantar-me. Se calhar tenho que vomitar. Bem dito bem feito. Agora tenho medo de ficar desidratado. Tenho que beber bastante água e comer sal.
Mas isto iria piorar...ui se iria. Cada vez que passo pela casa de banho tenho que parar. 3 voltas, 3 idas à casa de banho e uma paragem para urinar. Nada bom. Mas a verdade é que me sentia bem a correr. Tanto assim que, depois de uma ida à casa de banho, saio atrás do Bip Bip e começo a recuperar terreno. Fónix, penso eu. Estou um animal. Sol de pouca dura. Começo a sentir as pernas a prenderem. Xau xau Bip Bip. Força para ti até ao fim. Voa miúdo.
As 2 últimas voltas de corrida não têm grande história. Corrida, paragem com cãibras, corrida, paragem no posto de abastecimento e sempre em looping.

Ainda senti o meu ego a subir quando uma jeitosa se meteu comigo e brincou com o meu nick "Go happyman, you sexyman". Pobre coitada, além de falar esquisito é cega. Na última volta dei-lhe um desgosto, pois passei acompanhado de uma outra jeitosa que ia a fazer a prova. No entanto, devia ter parado para agradecer o incentivo que ela me deu, puxando sempre cada vez que passava.

Quando se vê a meta tem-se uma sensação inexplicável. Quase que não tive reacção. Mas tinha que agradecer ao pessoal todo que lá estava pela força. Vénia para aqui, vénia para ali, lá cortei a meta, com uma sensação de dever cumprido. ESPECTÁCULO.
Só fiquei chateado por ter que parar tantas vezes na corrida...pode ser que para a próxima corra melhor
Depois veio a massagem e as conversas com o pessoal. Mas tudo isso agora parece um bocado indistinto, pois a cabeça estava noutro local. Lembro-me perfeitamente dos abraços e dos sorrisos, mas de pouco mais.

RESUMO:

Que dia mais comprido. Mas que valeu cada segundo.

Quando vos disserem que o povo alemão é muito frio, não acreditem...pelo menos naquela zona. Desde crianças a ficarem na beira da estrada por 5h a fazer a onda cada vez que passava alguém, até velhotes sentados à porta de casa a dizer "super", até pessoas a sorrir e dizer "respect". De arrepiar e pedir mais. Nunca tal vi em Portugal, infelizmente. É outra mentalidade. Tenho que cá voltar outra vez.

Arrumar tudo e voltar para o hotel. Não sei se vou à festa final, pois vai ser uma seca para os meus pais e coitados já aguentaram muito. Vou fazer a festa com o meu gang. Obrigadinho a vocês.
Infelizmente não voltei a ver o Roman. Gostava de lhe agradecer. Se leres isto, Muito e Muito obrigado Roman.

Tempos

Natação – 59'29"
Ciclismo – 5h31'39"
Atletismo – 4h07'36"
Total – 10h39'06 (62º Lugar geral)

Já agora o Bip Bip fez o 10º Lugar, com 9h29'. É verdade. Grande prova a dele. Aquele miúdo faz-se

"Foge, a minha Paulita"»

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Ricardo Vieira e Paulo Polónio em Roth

Os dois atletas do Ginásio Clube Figueirense também estiveram presentes no passado dia 24 de Junho, na prova Ironman "Quelle Challenge Roth". Estreantes neste tipo de provas ficou a vontade de repetir como nos refere o Paulo Polónio:

"Estou de regresso depois de 6000 km de autocaravana por 6 paises da europa arrastando 2 crianças ( de 1 e 4 anos) e uma santa...um ironman completado e a precisar de férias das férias, mas acima de tudo muito contente por ter conseguido completar o meu primeiro ironman, sim disse primeiro porque a vontade de fazer mais e de melhorar existe, por isso...
Esta minha aventura veio provar que para completar uma destas provas e ao contrario do que às vezes se pensa, não é preciso ser super homen nem treinar 20 horas/semana, um triatleta do mais banal posssivel e com 10 horas/semana durante as ultimas 20 semanas tambem o faz. Fazer 9h, 10h isso é outra historia..."


tempos




fotos

terça-feira, 3 de julho de 2007

Hélder Milheiras em Roth

Roth foi palco no passado dia 24 de Junho de mais uma prova Ironman, a famosa e estonteante "Quelle Challenge Roth". Hélder Milheiras (Migalhas para os amigos) foi um dos portugueses presentes, ele presenteia-nos com um relato completo da sua vivência em terras germânicas. Parabéns a ti e a todos!

Relato

"A viagem de ida

24h00 de 3 ªfeira e a vontade de arrumar a bike e a tralha era nenuma... só que o voo era às 9h30 do dia seguinte... entre umas conversas no msn e umas idas à sala, às 3h lá tinha bike (quase toda) empacotada dentro da caixa e o saco à porta ...
07h00 e siga p aeroporto, c uma passagem pelo Suzana Place para apanhar a bike do homem. Tudo a correr bem e chegada ao aeroporto no timing esperado... (por acaso a malta chegou toda ao mesmo tempo – sedi, hugo, eu e a suzana trupe)... so far so good!
Balcão do check-in, cada um no seu, que é para a malta p/ próxima pensar no peso antes de encher a mala ... 20Kgs max .
A simpática sra até ia dar um lugar na janela na frente, quando:
“desculpe, mas o seu BI está caducado.... desde ABRIL!!!!!!!!!!!!”
Ai!!!! até mos caíram,,, logo eu que por pura preguiça tinha deixado o passaporte em casa a pensar q na europa BI e carta de condução eram suficientes... uuuuurso!!!!!!
Siga ligar para o pai Migalhas que numa correrria maluca lá safou a coisa a tempo... por 5 minutos....
Claro que o excesso de peso na bagagem estava lá e não fosse o Sedi e o seu cartão maravilha de qq coisa frequente, mais a boa vontade da menina, e aqui o Migalhas começava a arrotar euros mais cedo ... mas foi uma questão de tempo apenas...
O Voo para Munique foi uma espécie de teste aos nervos da malta.... poços de ar uns a seguir aos outros, daqueles que até as hospedeiras olhavam umas p’ás outras,,,, enfim,,,, a coisa chegou p enervar....
Munique – Roth (Hippolstein) foi uma viagem calma, barriga cehia de Burger Kings, a bordo de uma espectacular e espaçosa carrinha de 9 lugares e ao fim de pouco mais de 1h30 estávamos a chegar.
O Hotel (gasthause) estava confirmado e à nossa espera – uma coisa pequena e familiar mas c ambiente porreiro, sala c snooker... e o essencial – a 2kms da swim star, 8 de roth e a pouco mais de 1 de uma excelente loja de triatlo (ok... tinha 2 BTT contra 9 de triatlo e 2 de estrada)...

O CrenqueTralhas no quarto e antes da corrida de 30’ para descomprimir das viagens, era tempo de desfazer as malas.... Bike inteira,,, nada partido... ok, só que... faltava qq coisa ... não, não era nenhuma chave.... era algo um pouco mais importante... um crenque... o esquerdo... tava tudo fdd!!!!
Bem, uma chamadas p/ Lx e ninguém sabia do crenque,,,, n estava na sala, na varanda, em lado nenhum.... epá.... mas eu lembrava-me de o embrulhar.... q raio... será que m abriram a mala na viagem e a coisa caíu? n acredito...
bem, siga,,, nada a fazer... há que ligar para a Luso Bike e chatear o “excluído” e o “mártir”, p/ ver se m conseguiam enviar um qq lá da loja, por DHL, custasse o q custasse.
Entretanto, o famoso crenque lá apareceu, caído algures na varanda, embrulhado no meio de uns quantos papéis, pois claro. Assim sendo, e mau por mau, sempre me podiam enviar o meu....
Os dias antes da prova
A malta estava descontraída, 5ªf de manhã era dia de nadar uns 45’ no Rothsee, um local bem agradável onde se nada espectacularmente.
Para quem n sabe o Rothsee é um lago gigante a 1km do canal onde é a prova, e o único local onde se pode nadar em água aberta até à 6ªf antes da prova, pois o canal é navegável e as embarcaçoes são assim p’ó grandinho...
Entretanto enquanto o Hugo e o Suzana iam dar um giro de bike, fruto de terem “a sorte” de terem 2 crenques, eu e a pulga fomos correr c uns minutos em ritmo mais forte para aquecer a máquina... Tivémos a companhia da Mariana e da Andréia, 2 amigas do Sedi e do ST, e que foi um prazer conhecer. Beijinhos p elas.
À tarde deu para descansar e dar um salto de carro à feira e local da meta, mas a feira ainda n tinha começado.
Entretanto visitámos a tal loja de bikes, onde havia de tudo e onde gastar dinheiro não era complicado (ok, investir $).
Porreiro, porque a visita à loja deu para encontrar os outros tugas e que por acabou por ser a única vez que fálamos c eles em toda a estadia – foi pena L L L . Abraço malta!
6ª feira era dia de descanso, mas uma vez que era possível ir nadar ao canal, fomos nadar bem cedinho (todos menos o preguiçoso, para nadar, Suzana que deixou o fato no carro e n quis andar 400m para o ir buscar) e de familiarizar a malta c o local da T1 e tudo o resto. Um treininho fácil c umas séries curtas pelo meio.
Entretanto, e porque o sedi tinha visto um pedaleiro triplo barato na feira, fomos lá e, por precaução e porque n queria estar 5 dias sem pedalar, trouxe o pedaleiro, para utilizar o crenque esquerdo.,... o crenque mais caro da história – 100€!!!!
Bem, mas lá fiz os 45’, enquanto a malta foi vadiar para Nurenberga. Claro que 20’ depois de acabar o treino, chegou a encomenda da DHL – Fixe.... grrrrrrrrrrrr
Agora tinha 2 crenques e os 45’ mais caros da história do treino para um Ironman. Mas como esta cabeça n pára, lembrei-me de ir à feira e trocar o pedaleiro por uma malta de viagem em promoção.... felizmente o bacano aceitou e acabou por ser um excelente negócio.... e claro... mais uma peça no tetris final da viagem de volta para Munique.
Faltou apenas dizer que num misto de doidice e de fé calórica, o carboloading aqui do Migalhas consitiu na famosa redução do volume de treino e nuns maravilhosos 2 pratos de massa a cada refeição (umas vezes c pizza) regados por cola light e litros de água ao longo do dia.... cada maluco com a sua pancada e não se contrariam os malucos...
Ah, falta falar do maravilhoso tempo nos dias que antecederam a prova... chuva e mais chuva.... vento e mais vento.... antevia-se um dia de manguitos e de camisola de ciclismo L

O dia do Check-inApós a curta natação matinal no canal, era tempo de dar uma volta de bike 30’ c uns sprints, no percurso, nos 1ºs kms da prova seguidos de uns míseros 10mins c rectas.
Mas o dia era de check-in e, à tarde, lá fomos nós para a a p*ta da bixa onde 20mins de espera nos aguardavam para o check in. Um momento especial onde nos cruzamos com todos os cromosm da bola, desde os Maccas, aos hellrigels, aos llanos... aos ribeiros ou aos suzanas,,, tudo muito fixe....
Bem, uma nota... pela 1ª vez comecei a notar um nervosismo crescente no Hugo.... havia sobretudo mais conversas de triatlo... por entre umas músicas no MP3. O habitual na malta nova em forma!
Check-in feito.... bike no rack , saco amarelo na dita – sacos no corredor da tenda e era tempo de gozar um pouco o ambiente da prova e de regressar a casa e à feira, para continuar o dia de descanso... e claro... rezar para que o vento acalmasse.... o que não acontecia, antes pelo contrário.

Quelle Challenge Roth – a mais espectacular prova de ironman do mundo!
04h15 – despetar do quarto 2 para tomar o pequeno almoço
04h30 – finalmente um dia lindo.... sem vento... c bom tempo... finalmente !!!!!
05h00 – tempo de seguir para a partida, que a partida dos pros era às 6h20 e nós n queriamos perder pitada, alem de que, a Mariana e a Andréia iam sair nessa wave.
06h15 – aquele momento magnífico, que quem esteve em roth n esquece.... o hino da prova e aquelas margens cheias de gente... aquela ponte a transbordar de apaixonados por triatlo – algo que só quem lá esteve sabe o que é. Aquele momento leva-me sempre às lágrimas,.,,, é fabuloso – acho q só superado pela 1ª vez que cheguei ao solarber o ano passado ou no futuro quando estiver em Kona, dentro de água, a ouvir o hino dos states.
06h20 - a partida dos pros, de todas as mulheres e da malta que nasceu antes da 2ª grande guerra
06h30 - Chega a hora da última visita ao local da bike, reconfirmar tudo, visitar as casinhas verdes e vestir o aquaman, colocar sacos de roupa nas carrinhas, e trocar as últimas palavras com o Hugo (que por esta altura já n ouvia ninguem e devia estar a ouvir o MP3 pela 10x naquele dia).
Natação 06h57 – entrada na água para a linha de partida – sim, ali não se aquece!!!! Mas as primeiras sensações na água foram excelentes,... ao contrário dos dias antes.
07h00 – Tiro de partida da 2ª wave de AG (1ª foi às 6h55 c Camp Alemão e Camp Mundo Bombeiros)
Para quem n sabe como é a natação, é uma espécie de Zero gigante e bem alongado em que a partida é a 1/3 do zero e a chegada ligeiramente mais à esquerda.
Aqueles 1ºs 200m são o costume – trolhada e mais trolhada onde tentar aguentar e estabilizar a braçada é o essencial.
A ida até ao 1º retorno, após a 1ª ponte, foi feita a rimto tranquilo e não consegui agarrar pés nenhuns de jeito, pois a maior parte da malta escolheu o lado direito do canal e eu ia na esquerda com meia dúzia de malucos.... mas ia confortável. Viragem nas bóia c 23’ e tal.
O regresso ao local de partida foi mais forte e já consegui agarrar uns pés mais rápidos,,,, obrigado malta... passagem na partida c 47mins.
Seguiu-se a ida até às últimas bóias após a famosa ponte repleta de gente e sempre a acelerar o ritmo....
Na última bóia ía com 57’ e senti que era possível baixar a 1h06’15 do ano transacto, lancei-me num sprint doido até à meta – e com grande esforço saquei 1h04’31, menos 1’44. Excelente!
A T1 correu muito bem e também aqui consegui retirar 1’ face a 2006, mas ainda assim gastei 3’48, quase mais 2mins q os mais rápidos – a rever!


A BIKE
O primeiros 5kms de bike são ligeiramente a descer pelo que deu para apertar sapatos, verificar as garrafas e os gels, para nada cair após a transição, e tempo de deixar a pulsação ir ao lugar após a agitação da T1 e o final maluco da natação.
1ª passagem pela famosa curva de eckersmühle e seguiram-se cerca de 15kms de sobe e desce c umas subidas de 2-3 kms não muito inclinadas mas onde a cabeça mandava rolar calmo e deixar os malucos seguirem ao ritmo que lhes aptecesse - 19kms em pouco mais de 36mins mins a pouco mais de 31 de média – n tava mal!
Next stage - 18kms em plano - onde era essencial começar a comer e aproveitar a boa posição aerodinâmica e o set up de rodas para começar a acertar um rimto ligeiramente mais forte.
- 19kms a ronda os qs 40 de média.... excelente... vinha aí agora a 1ª grande subida!
A subida em greding é manhosa – começa c qs 1 kms bem inclinado onde subir é a única coisa q interessa sem se entrar em loucuras seguido de mais 5kms mais moderados mas onde as médias são muito muito baixas.
Felizmente que o que sobe , depois desce e seguiram-se 5 kms a voar autenticamente c uma descida fabulosa aos sssss onde quem desce bem ganha bastante,,,, bastante mesmo....
Seguiram-se mais 30 kms ondulados com uma ou outra rampa mais curta onde basicamente tentei n abusar nas subidas, e aproveitei ao máximo a parte plana e descidas para meter uns minutos mais fortes bem enrolado nas barras.
Um pequeno senão, as powerbar estavam a ser areia a mais para o estômago e intestinos e o turbo estava a começar a ter problemas... nada q uns longos 30’ minutos só a bebida energética n dessem para corrigir,,,,
Na 1ª volta realce apenas para o famoso solarberg (1ª passagem por Hippolstein na 1ª volta) onde este ano a emoção já n foi a mesma do ano passado, mas onde ter aquelas dezenas de milhares a gritar e a fechar a estrada à largura de 1 bike diz tudo.... é simplesmente lindo e é isso q fez Roth chegar onde chegou no mundo do triatlo.
1ª volta praticamente concluída, após nova passagem por Hippolstein e pelo canal, era tempo de sacar o special needs bag que o sedi tinha para entregar algures aos 90kms. Não tanto pelas barras q isso eu já tinha, mas mais pelo bidon de SIS que aquela coisa da PRO 4 é uma treta. Não correu exactamente como era esperado, pois por obra do tal Murphy, o Sedi teve de entregar 2 specialneeds bags em menos de 2mins.... e azar... eu fui o 2º a passar – acontece, mas nada de grave – umas espécie de Stop&GO.
Balanço da 1ª volta, a rondar os 35kms/h – muito bom!
A 2ª volta viria a ser bem diferente – o vento que quase não houve na 1ª, aumentou imenso e as dificuldades aumentaram – felizmente que a alimentação e os problemas de estômago n voltaram o que me animou. Claro que os kms nas pernas e a posição nas barras já tornava mais desconfortável o que fez da 2ª volta uma espécie de “lá terá que ser”!
Mas os últimos 20kms voltariam a ser em excelente ritmo, com os últimos 5 bem mais calmos, e, quando cheguei ao final, as 5h14 deixaram-me radiantes... não vou comentar muito a distância da prova, mas creio q rondou os 178....


T2 e RUN
A T2 correu bem, e colocado o cinto com os 6 gels pendurados era tempo de iniciar aquela que para mim era a mais desafiante etapa, quer por ter sido aquela onde eu tinha vacilado o ano passado, mas tb pq sabia que tinha puxado mais na bike já à espera de n estar tão forte na corrida. 3’08 foi o tempo que demorei na T2 a despachar tudo – mais uma vez qs 2 mins mais lento q os 1ºs.... – a rever tb!
A primeira parte da corrida (1km) é plana e a descer e há que ir nas calmas – assim fiz – mas quando aos 2kms me dá uma valente cãibra q m fez parar vi a vida a andar para trás – afinal só faltavam 40kms.... aí pensei que a táctica da bike afinal tinha sido um disparate,,,, mas umas massagens e um bocado de tranquilidade (obrigado Paulo Bento) e lá segui a ritmo calmo p ver se tudo passava – e passou.
Seguiram-se 20kms de ida e volta até ao local onde se entra no canal (com mais um special need gels dado pelo sedi) onde tentei basicamente controlar a pulsação, tomando 1 gel de 2 em 2 add stations (4kms) e onde essencialmente mantive sempre a calma sem m preocupar c splits ou com o que quer q fosse – a ideia era cumprir a distância e cumprir o plano de nutrição.
Assim foi, e ao cruzar-me com o Hugo aos cerca de 9-10 kms, ia tranquilo e consciente que a prova me estava a correr bem, e que a ele ia a correr talvez ainda melhor.
A 1ª meia maratona rondou a 1h40 alto e parecia q tudo se encaminhava para uma maratona a rondar as 3h20-21 ou algo parecido... entre a saída do canal aos 25kms (altura em que iniciei a coca-cola) e o último retorno aos 29,5kms, tudo rolava sobre esferas – o ritmo tinha qubrado uns segundos, mas nada de especial.
Voltei a cruzar-me como Hugo aos 29kms e aparentemente tudo corria bem a ambos e, esperava eu, mais km menos km ia estar a correr ao lado dele – só que o ironman é isto e aos 32 as cãibras voltaram e embora as paragens fosse de pouco mais de 20”, a verdade é que a confiança leva sempre um abanão e o ritmo tem de ser reavaliado.
Seguiram-se 6kms de sofrimento até aos 38kms com constantes cãibras sendo q aos 38kms tive mesmo de parar cerca de 1min e tal e tanter recomeçar 3x a “andar mais rápido”... muito muito assutador – este ano tinha energia q chegasse, mas n contava c tanta cãibra!!!
Mas com uma técnica de corrida acente nos calcanhares e com a ponta dos pés para cima,,, de modo a contrair a parte anterior da perna e consequentemente a descontrair a parte posterior, lá fui andando e os últimos kms correram bem – eram os últimos.
Para quem foi a roth, sabe q após aqueles 100m a subir em curva (parece escalada) no último km, é como se tudo acabasse ali... depois são são 3 curvas e a entrada no tapete azul da glória.
O meu grande objectivo ia ser cumprido – terminar abaixo das 10h – algo que me chegou a parecer impossível aos 38kms e que no inicio da maratona parecia tão fácil (bastava uma maratona a 3h30).
Foi com enorme satisfação, e dor nas pernas, que entrei no tapete azul para terminar mais um Ironman ao mesmo tempo testemunhava o Hugo Ribeiro a cruzar a meta umas dezenas de metros à frente naquela que foi uma prova espectacular deste. Para mim a prova foi mais uma lição de saber sofrer e saber acreditar que o que parece o fim do mundo, é apenas uma etapa num longo e difícil dia.
A alegria de cortar a meta e meter mais um IM no bolso, essa ninguém ma tira, e acreditem ou não.... minutos depois já pensava no próximo.... e em KONA.....

No final: 9h54’25 - swim 1’04’31 – T1 3’48 - Bike 5h14’59 – T2 3’08 – Run 3h27’54
188.º da Geral (total 2020 sem estafetas) – 48.º escalão M30-34 (total 351)
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O texto poderá ser consultado na íntegra aqui


sexta-feira, 22 de junho de 2007

Chris Legh Cai Por Terra

Também em 1997, no Ironman do Havai, Chris Legh, um dos melhores Ironman's de sempre, pouco antes da luta de gatas entre Sian Welch e Wendy Ingraham, cai a cerca de 50 metros da meta, não conseguindo concluir a prova. É levado imediatamente para o hospital, onde lhe é retirado um metro de intestino.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

A luta de Sian Welch e Wendy Ingraham no Ironman do Havai em 1997

Mais um surpreendente video, onde se pode ver perfeitamente, o que é levar o corpo ao limite - isto é Ironman. Sian Welch e Wendy Ingraham, no Ironman do Havai de 1997 debatem-se numa luta, sem quaisquer recursos energéticos e com uma catálise muscular altamente adiantada. Regressam a um estado de infância onde mais parecem aprender a andar.
Interessa chegar ao fim/ganhar, nem que para isso tenha de ser de gatas.

quinta-feira, 7 de junho de 2007

O 14º Ironman de Carlos Conceição

No passado dia 27 de Maio realizou-se mais uma edição do Ironman de Florianópolis, entre 1263 atletas em prova encontrava-se Carlos Conceição, para tentar realizar mais um Ironman.
Abaixo se transcreve o seu relato da prova, onde se pode verificar, que cumprir tal tarefa, não significa só pretender acabar, mas também saber gerir todas as dificuldades para o conseguir. Carlos Conceição, com toda a sua experiência soube racionar o seu esforço, para superar todos os obstáculos.
São estes relatos que nos ensinam.

Ao Carlos, os meus parabéns por mais este feito e auguro-lhe os maiores sucessos desportivos.


Relato
O Ironman do Brasil é única classificatória da América Latina para o Ironman do Havaí. Foram distribuídas 50 vagas para o Havaí. Participaram 1.263 atletas de 37 países.

Este ano resolvi treinar de modo diferente. Resolvi treinar mais com os amigos e me desgastar menos mentalmente em treinos longos e solitários. Como meus amigos começaram a treinar mais cedo do que eu costumo treinar, acabei fazendo mais treinos longos do que nos outros anos. Foram uns três meses de muito treino e muitas risadas. A única coisa que me preocupava é que estava fazendo muitas vezes o ritmo dos meus amigos e não o meu, mas a companhia estava muito agradável. Após algumas natações de 3.000m, uma meia dúzia de 3.500m, uma de 4.000m, uns três pedais de 120km, dois de 140km, dois de 160km, um de 180km, duas corridas de 28km e duas corridas de 30km o trabalho para o ironman já estava feito e somente restava fazer o polimento na semana da prova e ir para o dia tão esperado.

Chegando em Florianópolis deu para perceber que era um dos anos mais frios e isto não me agradava muito, porque não ando bem em provas frias. Com o frio dói minha lombar e não fico muito animado sem o calor do sol, para me dar energia. Dois dias antes da prova nadei no mar sem roupa de borracha. A água estava fria, porém suportável. Ainda acreditei que no dia da prova iria esquentar. Mesmo assim pela primeira vez deixei reservado roupa de frio para pedalar e correr e ainda bem que fiz isto, porque realmente ficou frio durante a competição e até alguns pingos de chuva caíram.

O dia do Ironman é um dia mágico, inclusive este ironman acontece na Ilha de Florianópolis, que é chamada a ilha da magia. Antes do amanhecer estavam todos os atletas se preparando para a tão esperada largada. Uns corriam, outros abraçavam seus entes queridos e outros completamente concentrados. O sol surgiu com sua energia, mostrando que existe um ser superior que criou tudo em plena harmonia. Dado a largada, muitos corpos se debatendo na água em busca de uma ótima colocação.

Sai da água no tempo esperado, mas infelizmente não era meu dia de competição. Logo no km10 do ciclismo um raio da minha roda dianteira quebrou e como era uma roda de apenas 12 raios, a roda ficou muito torta e a única coisa que pude fazer foi soltar totalmente o freio para não ficar batendo. Em seguida por causa da friagem, minha lombar começou a doer muito e tive que pedalar administrando a dor e aproveitando os momento que a dor diminuía para pedalar um pouco mais forte. Administrei o pedal e sai para correr forte como o esperado, porém minha lombar voltou a doer e durante as subidas não conseguia erguer as costas e tive que pela primeira vez caminhar na maratona do ironman. Muitos atletas que me conheciam passavam por mim, perguntado o que estava acontecendo, porque sabiam que eu corria bem e estava caminhando. Agradecia o apoio e voltava a correr mantendo o espírito ironman e sabendo que cruzar a linha de chegada seria a grande vitória.

Após nadar 3.800m, pedalar 180km e correr 42,195m cruzei a linha de chegada com 10:29´. Longe de ser meu melhor ironman e de pegar a vaga para o Havaí, mas completei meu 14 ironman com muito orgulho. Fiquei em 27 dos mais de 200 atletas na minha categoria e 207 no geral.

Sempre falo que no ironman existem quatro vitórias. A primeira é conseguir treinar as longas distâncias. A segunda vitória é cruzar a linha de chegada. A terceira é conseguir a vaga para o Havaí. A quarta é lógico que é ganhar a prova.

Também falo que existe o atleta e o competidor. O atleta é aquele que cruza a linha de chegada não importando a colocação e estará ali, ano após ano, com a satisfação de estar com saúde, de poder completar mais um desafio na sua vida. O competidor é aquele que sempre quer ganhar e se isto nem sempre é possível acaba sendo mais um que desiste.

By Carlos Paiva

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Julie Moss no Ironman do Havai em 1982

6 de Fevereiro de 1982, Ironman do Havai, Julie Moss (triatleta profisisonal) liderava a prova, quando alguns metros antes da meta começa a cambalear e a cair. Percorreu as últimas dezenas de metros de gatas. Sua rival, Kathleen McCartney acabaria por ultrapassá-la e vencer a mítica prova.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Deixo-vos um sítio, que é um apanhado de vários Blogs e videos do IV Ironcat.

Para o visualizar clique aqui

domingo, 13 de maio de 2007

O meu 1º Ironman

Gostaria de partilhar a minha primeira vivência no mundo dos Ironmans, a prova mais longa e dura da modalidade de triatlo. Para tal deixo-vos um pequeno video que realizei, para documentar a IV Edição do Ironcat em l'Ampolla, Espanha, no dia 5 de Maio de 2007, bem assim como um pequeno relato da prova.




Dados da prova

Tempo final: 12h23min20seg (30º geral, 20º escalão)
classificações gerais
classificações escalões

Tempo natação: 1h15min34seg (51º)
parcial natação: 2min/100 metros
1ª transição: 5min6seg
frequência cardiaca média: 161 bpm
frequência cardiaca máxima: 180 bpm

cardiograma da natação
para visualizar com melhor qualidade clique AQUI

Tempo ciclismo: 6h50min27seg (43º)
velocidade média: 26,31 Kms/h
velocidade máxima: 49,5 Kms/h
frequência cardiaca média: 137 bpm
frequência cardiaca máxima: 162 bpm

cardiograma do ciclismo
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Tempo corrida: 4h17min20seg (35º)
parcial corrida: 6min8seg/km
velocidade máxima: 10,9 Kms/h
frequência cardiaca média: 142 bpm
frequência cardiaca máxima: 151 bpm

cardiograma da corrida
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Relato da prova

DIA 3
07:00 horas -
saída de Portugal.
19:30 horas - Após quase 1100 kms chegada a l'Ampolla (Catalunha).

DIA 4
11:00 horas - reconhecimento dos percursos.
Aquando do reconhecimento do percurso de ciclismo, notava-se algum vento, alguém terá dito "amanhã o dia vai ser assim".

- video/visualização do percurso de ciclismo, AQUI
- video/visualização do percurso de corrida, AQUI

17:00 horas - hora do briefing. Reunidos os atletas deu-se inicio ao briefing, onde foram distribuidos os dorsais , explanados os dados da prova, indicados os percursos dos diversos segmentos da prova, bem assim como esclarecidas todas as dúvidas.
20:30 horas - hora de jantar um bom macarrão.
23:00 horas - algum stress tomava conta de mim e após a preparação de todo o material da prova chegou a hora de deitar.

DIA5
02:30 horas -
por volta desta hora apenas dormitava. Meio acordado, começei a ouvir o vento a assobiar nos mastros dos veleiros que se encontravam atracados na marina (situada justamente em frente ao meu quarto - Hotel Roca Plana, quarto 301) e as cordas dos mesmos a comporem sinfonias desconcertantes. Tal situação deixou-me um pouco preocupado, mas fui imediatamente reconfortado com a ideia de normalmente não haver vento pela matina.
Após várias voltas na cama consegui adormecer.
04:30 horas - hora de acordar. Após a última preparação do material chegou a hora do "petit déjeuner". Estava calmo e tranquilo.
Barriga aconchegada, chegou a hora de sair do hotel, levantar a bicicleta e fazer o check-in. Primeira constatação: afinal o vento não tinha desaparecido. Ainda era noite cerrada e o dia estava na eminência de nascer. Feito o check-in, restava-me deixo tudo arrumado nas boxes, para facilitar as transições e demorar o menos possível. Depois de enfiado o corpo no fato isotérmico dirigi-me para o areal, de modo a iniciar um breve aquecimento. Era visível a satisfação dos atletas por saberem que iriam ficar algumas horas a massacrar o físico (risos), afinal, todos sentem que é um prazer levar o corpo ao limite.

Ouviu-se o apito para reunir o pessoal junto à largada e em breves instantes estava dada a partida. A água, que inicialmente temia estar muito fria (lembremos que eram 7 da manhã) revelou-se estar bastante agradável. O percurso da natação, rectangular, era inicialmente realizado junto à costa. A água, com uma limpidez incrível permitia uma visibilidade do fundo extraordinária. Nesse curto périplo avistavam-se as rochas que se encontravam no fundo e isso causou-me uma sensação de desconforto, visto que tinha receio de lhes bater, fosse com os pés ou com as mãos. Não tinha bem a noção da profundidade a que estas se encontravam, mas seguramente não seria difícil tocá-las, aliás em dado momento tal aconteceu, o que me criou algum mau estar. Mesmo que de raspão, não nadava folgadamente devido ao receio de voltar a acontecer. Por outro lado, à medida que nos afastávamos da costa começava-se a notar a forte ondulação. Quando seguiámos paralelamente afastados da margem a ondulação era quase insuportável, sobretudo porque a minha respiração era precisamente para o lado da mesma, o que me obrigava a não respirar nalgumas braçadas, dificultando consequentemente o andamento. Se em algum momento da prova me occoreu desistir foi precisamente na natação. Ainda não ia a meio da primeira volta (duas no total) e já sentia imensa dificuldade. Não conseguia nadar. Parei uns segundos para me aperceber do que se passava à minha volta. Verifiquei que afinal não era o único no mesmo barco, outros estavam para trás e partilhavam as mesmas dificuldades. Reparei que algumas pessoas se apoiavam em barcos, talvez por se sentirem mal, ou terem dificuldade em prosseguir o nado e tudo isso me reconfortou e deu-me ânimo para prosseguir.
Com todas as dificuldades consegui concluir a prova, em 1h15min, ou seja sensivelmente mais 6 minutos do que o previsto. Incompreensivelmente e segundo o registo cardiográfico da prova teria feito uma média de 160 bpm e uma máxima de 180 bpm. Estes dados não me parecem estar correctos, na medida em que não sentia de modo algum estar a trabalhar em tais pulsações. Provavelmente terá existido alguma interferência com a água.
Após uma breve passagem pelo chuveiro para retirar a água salgada, encaminhei-me para a primeira transição, onde descansadamente me preparei, para aquele que veio a ser o maior suplício da prova.

Quando se procura fazer um Ironman, estás-se conscientemente preparado de que se trata de uma tarefa difícil e por essa razão, se procura uma prova que teoricamente seja mais fácil, nomeadamente no que diz respeito à altimetria, condições climatéricas, etc. Essa ponderação esteve sempre presente e a minha escolha recaiu no Ironcat. Este tem um percurso, tanto de ciclismo como de corrida plano e óptimas condições meteorológicas, enfim reúne factores de excelência para a realização de Ironman's. O problema surge, quando esperamos uma coisa e acontece outra, ou seja quando o "teoricamente", se torna perfeitamente variável, adquirindo estados indesejáveis. Foi o que aconteceu em Ampolla, onde até hoje todas as provas se realizaram em condições favoráveis (com excepção da I edição, que se realizou sob o forte calor de Junho) e em que nesta IV edição o imprevisível aconteceu. De facto, ninguém esperaria ventos tão fortes.
Após começar o percurso de ciclismo, não me apercebi do forte vento que se fazia sentir, isto porque parte inicial do mesmo (cerca de 2 kms) era feito em zona urbana, o que em certa medida camuflava a sua verdadeira fúria. Finda a zona urbana e após dar entrada nos descampados de arroz (cerca de 99% do percurso) notei que iria ter uma árdua tarefa. Com o intuito infrútifero de vencer a força do vento, a primeira volta revelou-se muito violenta. Ainda não tinha encontrado um ritmo para a prova. Comecei com muita pressão no pedal e sem um prévio aquecimento às pernas terei esgotado um tendão do joelho esquerdo. A forte pressão muscular impressa para vencer o vento, manteve os músculos e tendões constantemente sob tensão, não havendo lugar a uma boa recuperação, em cada ciclo da pedalada. O resultado foi uma lesão ao Km 40. Se tudo já estaria difícil, mais ainda se tornou, sabendo que teria de tentar arrastar uma lesão por 140 Kms. Senti algum desânimo, mas nunca vacilei, pelo contrário, o meu objectivo era chegar ao fim e para tal haveria que suportar todo o tipo de sacrifício.
Não se tornou fácil, a cada volta defrontar quilómetros de estrada, com a bicicleta a cambalear ao sabor das rajadas, ficando sempre na expectativa de saber quando ia ser atirado ao chão, aliás por várias vezes tive de manter pulso forte do guiador para evitar cair. Em algumas ocasiões, pegar o bidon para hidratar era uma verdadeira proeza.
Consegui aguentar a prova, mantendo um ritmo baixo (verificável pela média de 137 bpm), aliviando a perna lesionada e compensando com a perna direita, para não descair demasiado. Ao Km 150 tomei um analgésico que levei na bicicleta, para fazer a preparação para a corrida, visto que estava lesionado do pé esquerdo e interessava protegê-lo ao máximo. O seu efeito tornou eficaz ainda na bicicleta, deixando-me fazer os últimos 20 quilómetros a um ritmo mais elevado.
Nota: por avaria do sensor de velocidade, apenas foram registados 27,7 kms.

A segunda transição foi moderada sem grandes problemas.

A corrida era aquela que inicialmente me tinha dado mais preocupações, visto que não saberia se iria suportar fazer 42 quilómetros com uma lesão que embora ligeira se poderia engrandecer, no entanto permitiu-me cumprir toda a prova sem preocupações de maior. Apenas ao Km 14 me surgiu uma pequena dor, que foi aumentando progressivamente, obrigando-me por precaução, a tomar mais um analgésico e a pulverizar o pé com um spray analgésico. Também aqui o vento se fazia sentir, de referir que toda a corrida era efectuada junto à marginal oceânica, portanto muito descoberta.
A cada volta era nos dado uma pulseira vermelha, sendo que na última teríamos direito a uma branca, significando isso que estávamos a cumprir a derradeira. Após conquistar a almejada pulseira senti um alívio compensador - o fim estava à vista.
Também de sonhos vive o homem e cortar a meta numa prova de tamanha dimensão era do domínio onírico. A satisfação de completar um Ironman e receber a camisola de "Finisher" é fantástica, mas tal só é possível se compreendermos o nosso corpo e o soubermos gerir para ultrapassar todas as dificuldades, só assim se alcança o espírito Ironman.

Fotos da prova